É importante uma luta de viseira erguida e em campo aberto, em defesa dos Mandamentos Divinos e da Santa Igreja; sair às ruas para testemunhar a fé, proclamar as ideias e posições autenticamente católicas.
“Meu amigo conhecia a TFP e os livros do Prof. Plinio, e me disse que eu deveria lê-los. Comecei a estudá-los quando tinha 16 anos. Isso mudou completamente toda a minha visão de mundo” |
Um dos fatos mais relevantes de 2019 foi o Sínodo Pan-Amazônico, que entre seus muitos desatinos praticou rituais idolátricos à pachamama
em algumas igrejas romanas, inclusive nos jardins do Vaticano. No
contexto daquela assembleia de bispos, inesquecível foi o corajoso gesto
de um católico austríaco de 26 anos, sobre o qual a mídia mundial se
viu obrigada a voltar seus holofotes. A notoriedade do jovem católico
Alexander Tschugguel [foto] provém sobretudo de ter ele retirado os ídolos pachamama
da igreja Santa Maria em Traspontina, jogando-os em seguida no rio
Tibre (vide nossas edições de dezembro/2019 e janeiro/2020). Através
desse destemido ato de amor de Deus, ele fez em nome de todos os
católicos uma reparação a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Sua Mãe
Santíssima, ultrajados pelos sacrílegos cultos à “deusa” pagã em lugares
sagrados, que haviam sido conspurcados e profanados.
O colaborador de Catolicismo
nos Estados Unidos, James Bascom (diretor adjunto do escritório da TFP em
Washington), obteve para nossa revista esta entrevista exclusiva. Entre os
diversos comentários interessantes de Tschugguel, figura o relato de sua
conversão do luteranismo para o Catolicismo aos 15 anos. Nesta entrevista ele
relata também alguns detalhes dos fatos que o levaram a praticar em Roma aquele
ato digno de ser imitado.
Originário do Tirol do Sul, a família de Alexander Tschugguel
vive em Viena desde o início do século XX. Recentemente fundou na capital
austríaca o Instituto São Bonifácio, uma
organização que luta pela cultura católica. É conhecido também por participar
da organização da Marcha pela Família
na Alemanha, e da Marcha pela Vida na
Áustria.
* * *
Catolicismo — O senhor é convertido à fé católica. Poderia nos dizer o que o levou à conversão?
Alexander Tschugguel — Minha
conversão ocorreu em 2009, quando tinha 15 para 16 anos. Pensei muito sobre o
Cristianismo, e pude perceber que a igreja protestante não respondia às minhas perguntas.
Certa vez, o professor de religião protestante nos mostrou um pedaço de papel impresso
por uma igreja católica local, no qual se explicava a possibilidade de receber
indulgências no Dia de Finados. E depois nos disse: “Vejam! A Igreja Católica está vendendo indulgências como nos tempos de
Martinho Lutero!”.
Eu não gostava
desse professor, por ele ser esquerdista, e comecei a estudar mais sobre a
religião católica. Nessa ocasião eu já estava interessado em conhecer a Igreja.
Depois de conversar com uma colega de classe que é católica, e com outros
amigos, todos me disseram que, se eu quisesse aprofundar-me sobre a Fé Católica,
precisaria conhecer um sacerdote.
Liguei então para a igreja católica local e me encontrei com
o padre. Eu tinha muitas perguntas sobre o papado e os diferentes aspectos da
religião católica. Ele respondeu muito bem a todas as minhas perguntas. Eu não
conhecia isso na igreja protestante, e fiquei realmente feliz, pois na Igreja
Católica podemos encontrar respostas para nossas dúvidas e perguntas. Este foi
o primeiro passo.
O sacerdote me deu um livro sobre a fé católica, bastante bom,
escrito por um austríaco. Li o livro, tudo pareceu muito lógico, e então decidi
me converter. Ao falar com os meus pais, de início eles ficaram um tanto aborrecidos,
mas acabaram por me dizer que, se de fato era o que eu desejava, eles me
apoiariam. Realmente me apoiaram, o que me deixou muito feliz. Minha conversão
se deu no dia 15 de junho de 2009, uma semana antes do meu décimo sexto
aniversário.
Catolicismo — E sua família, terminou também por se converter?
Alexander Tschugguel — Sim.
Meus irmãos e meus pais são agora católicos, pois todos se converteram nos
últimos 10 anos.
Catolicismo — Consta-nos que o livro “Revolução e Contra-Revolução”, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, teve papel importante em sua vida.
Alexander Tschugguel — Ele
desempenhou um papel mais tarde. Eu me converti em uma paróquia onde a Missa
era celebrada de modo tradicional, mas no rito novo, posterior ao Concílio
Vaticano II. Com a minha conversão, finalmente entendi que isso não bastava;
pois a visão católica do mundo é tão integral e fantástica, que comecei a
entender muitas outras coisas acontecendo no mundo.
Fui a uma
maravilhosa conferência organizada por um amigo meu, e nessa conferência
aprendi muitas coisas sobre a teoria católica do Estado, Filosofia, História, e
assim por diante, e fiquei realmente impressionado. A essa altura, conheci
alguém que agora é um dos meus amigos mais próximos. Ele conhecia a TFP e os
livros do Prof. Plinio, e me disse que eu deveria lê-los. Comecei a estudá-los
quando ainda tinha 16 anos. Isso mudou completamente toda a minha visão de
mundo, deu uma estrutura à minha visão. Fiquei muito feliz com o livro Revolução
e Contra-Revolução. Eu o li uma vez em alemão e outra em inglês. A edição
alemã é boa, a inglesa é maravilhosa, realmente fantástica. Fiquei muito feliz
ao ler as palavras do Prof. Plinio. A partir de então, tive contato próximo com
a TFP em Viena, e li outros livros do Prof. Plinio, que me transmitiram sempre muito
boa compreensão das coisas.
Alexander Tschugguel aplaudido pelo público presente no escritório da TFP em Washington |
Catolicismo — Seu catolicismo sempre foi de caráter militante e tradicional?
Alexander Tschugguel — No
começo não foi assim. Fiz o melhor que pude para estudar e aprender sobre a Fé.
Acabei por descobrir o latim e todos os ensinamentos tradicionais da Igreja. No
primeiro aniversário de minha conversão, meu pároco celebrou uma missa
tradicional para mim. De início eu não entendia do que se tratava. Demorei algum
tempo para isso, porque tive que entender Nossa Senhora, a estrutura e a
hierarquia da Igreja, a tradição católica, e fui até coroinha na Missa do rito
novo. Mas depois de alguns anos, principalmente com a ajuda desse amigo e
também da TFP, entendi e decidi começar a frequentar a Missa tradicional; e
depois de algumas vezes, gostei muito.
Vi que a fé
católica sempre pede ação, porque Cristo pede ação. Ele diz que se alguém
quiser segui-Lo, negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e siga-O. Negar-se a si
mesmo é um ato muito difícil, na verdade, especialmente se a gente está no
mundo moderno, onde muitas pessoas se negam a si mesmas da maneira oposta,
negam a sua própria existência biológica. Não se trata de negar a si mesmo como
um modernista, significa ver que a gente tem uma natureza decaída; e que,
portanto, devemos realmente viver de acordo com as palavras de Deus e com o
plano de Deus. Entendi igualmente que para o católico só existe um caminho, um
modo de seguir a Cristo; e seguir a Cristo significa lutar, seguir a Cristo
significa sacrificar-se. Para isso precisamos de todas as virtudes. Essa é a
razão pela qual a Igreja Católica sempre ensinou a necessidade de sermos
virtuosos, termos coragem, sabedoria, e assim por diante. Penso que não há como
ser católico sem ser ativo na luta por Deus e pelos Mandamentos divinos.
Catolicismo — Qual o papel da nobreza e da aristocracia na luta?
Alexander Tschugguel — Na
Áustria temos livros magníficos sobre os santos e heróis austríacos, como o Príncipe
Eugênio de Sabóia e Andreas Hofer; e nossos santos padroeiros, como São
Leopoldo e São Luís IX. Eles me inspiraram muito. Devo dizer que toda biografia
de um santo, especialmente dos tempos antigos, me entusiasma muito, pois se
pode ver que eles estavam sempre prontos para sacrificar tudo. Atualmente comecei
a participar e organizar palestras sobre esses temas candentes de discussão. Cruzadas,
queima de bruxas, todos os “clichês”
que normalmente ocorrem hoje numa discussão. Temos muitos bons historiadores na
Áustria, e pudemos organizar grandes eventos. Com esses temas o resultado foi
surpreendente.
Entendi que, se olharmos atentamente para a História — não para
aquilo que se quer ver, mas para o que realmente aconteceu —, se tentarmos ler
a História assim, entenderemos essa universalidade da Igreja Católica [católico
significa universal]. A
universalidade do Catolicismo realmente se tornou clara para mim.
Então podemos
entender o que é aristocracia, o que é o sacerdócio, o que é a maternidade, o
que é a paternidade, o que é o sacrifício, pois tudo faz parte da mesma ordem.
Nosso objetivo não é fazer uma carreira no sentido moderno, mas seguir o plano
que Deus tem para nossa vida, e sempre podemos confiar que Deus tem o plano
perfeito para nossa vida. Não é nossa missão permanecer no mesmo lugar. Nossa
obrigação é ficar onde Deus quer que estejamos. É isso que faz a mente
aristocrática, e significa que nos tornemos capazes de cumprir o papel que Deus
nos deu, seguindo seus Mandamentos, sacrificando tudo e nos colocando por
último. Daí advêm todas as outras coisas, passando para os filhos na família, e
a responsabilidade de ajudar os que estão abaixo de nós.
As pessoas que
têm uma alta missão precisam, em decorrência da natureza humana decaída, de
privilégios para poderem cumprir bem o seu dever. Por exemplo, imagine o Santo
Padre lavando diariamente a louça que usa. Seria errado, pois o dever dele é
realizar um trabalho tão importante, que devemos aliviá-lo de incumbências ao
alcance de qualquer outro. É o mesmo com a aristocracia, mas também com o pai e
a mãe, com as autoridades constituídas. Coisas como a luta de classes não
existem aí. Todo mundo tem um dever, todo dever tem seu lugar, sua importância.
O talento que Deus nos der para o cumprimento desse dever será o talento adequado.
Isso é uma coisa que não existe na maneira socialista de pensar, na sociedade
sem classes.
O entrevistado com alunos da Academia da TFP norteamericana |
Catolicismo — O senhor participou em Roma, antes do Sínodo Pan-Amazônico, do evento organizado pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. O que o levou a participar?
Alexander Tschugguel — O
evento do Instituto estava no meu calendário havia meses, pois eu queria ir a
Roma no início do Sínodo a fim de ver o que realmente estava acontecendo. Recebi
dois convites, um do Instituto e outro de Voice
of the Family. A VOTF fez uma espécie de “mesa redonda”, na qual muitos
jornalistas e outros que conhecemos do mundo católico falaram sobre o Sínodo. A
conferência do Instituto foi maravilhosa, porque todos os aspectos do Sínodo
foram tratados por especialistas. Por exemplo, houve um indígena brasileiro que,
como indígena, falou contra o Sínodo e a favor do desenvolvimento; e também contra
manter os índios em uma espécie de “zoológico humano”. Ouvi igualmente o
discurso de um jovem que explicou como um grupo de estudantes viajou pela
região amazônica, obtendo muitas assinaturas para uma petição contra o Sínodo.
Se receberam muitas assinaturas, é porque muitas pessoas estavam do lado deles.
Para mim, esse evento foi uma prova de que foram divulgados
sobre o Sínodo conceitos distantes da realidade; e também o que os
participantes dele diziam sobre a região amazônica não corresponde à realidade.
Às vezes se referiam a fatos errados (diríamos normalmente que se tratava de mentiras),
mas não quero acusá-los de mentir, pois não sei de onde eles tiraram aqueles
fatos. Isso foi muito importante, pois me deu 100% de clareza quanto ao que
devo pensar sobre esse Sínodo, e me levou à conclusão de que o mesmo tinha um
projeto político, um projeto não católico.
Com efeito, o
Sínodo teve principalmente fins políticos. Os problemas religiosos [sobre o
celibato sacerdotal etc.] já foram respondidos pela Igreja há vários séculos.
Até João Paulo II abordou essas questões sobre a família, o sacerdócio, e assim
por diante. Eles tentam colocar isso de novo agora, procurando nos dizer: “Sim,
deve permanecer o mesmo, mas a região amazônica é tão especial, que nela existem
outras regras”.
Sabemos perfeitamente
que, se houver outras regras lá, haverá também para o resto do mundo, pelo fato
de existir apenas uma Igreja universal, e esta pode ter apenas uma Lei
universal. E se essa Lei for mudada num lugar, será mudada também em âmbito
universal. Todo mundo sabe disso.
“Entrei na igreja Santa Maria em Traspontina, peguei as estátuas [da “pachamama”], levei-as ao rio Tibre e ali as jogamos, como se pode ver no vídeo filmado pelo meu amigo” |
Catolicismo — O ídolo de “pachamama” venerado com laivos de adoração no Vaticano e levado depois para a igreja de Santa Maria em Traspontina, chocou todo o mundo católico. O que o senhor pensou quando soube disso, e como tomou a deliberação de lançar aquelas estátuas no rio Tibre?
Alexander Tschugguel — Soube
dessas estátuas quando ouvi falar sobre o ritual no jardim do Vaticano. Assisti
ao vídeo e vi como eles se curvaram diante delas, plantaram uma árvore e
cantaram canções estranhas, enquanto a xamã, com um chocalho, dizia palavras
estranhas. Eu me encontrava em Roma naquela ocasião. Fiquei com tanta raiva,
que queria ir lá apenas para cortar a árvore, mas isso não seria fácil. Tentei aprofundar-me
mais no conhecimento dessas estátuas, pesquisei, conversei com muitas outras
pessoas, e descobrimos que elas representam uma “deusa” indígena chamada “pachamama”,
que significa “mãe terra”. Portanto, era algo definidamente pagão. Como
sabemos, Deus é Todo-Poderoso, Criador da Terra, mas a Criação não se confunde
com o Criador. Este é um erro pagão muito antigo. Os romanos, por exemplo,
tinham uma deusa para cada porta e cada quarto. Agora é a mesma coisa, eles
apenas dizem: Essa é uma deusa da terra,
e sempre que fazemos algo contra a terra, pedimos a ela que perdoe a nossa
culpa.
Pensei logo em
tirar aquelas estátuas da igreja. Visitei a igreja duas vezes — uma com a minha
esposa e outra com um amigo. Nessa igreja, vi as estátuas com os voluntários em
torno dela, e perguntamos o que elas significavam. Conversaram conosco sobre temas
políticos, explicaram também que não era possível batizar pessoas ali, e assim
por diante. Fiquei realmente chocado. Eles me disseram ainda que as estátuas representam
a “ecologia integral”, muito em voga atualmente, e que todas as árvores têm
valores iguais aos dos seres humanos. É difícil de explicar ou de entender, mas
eles querem tratar a Terra como um ser humano.
Conversei com
eles duas vezes, uma em inglês e outra em português, tendo como intérprete meu
amigo, que fala português. No final, ambos chegamos à conclusão de que aquelas
estátuas constituem uma ofensa a Deus. Por quê? Porque os católicos estão se
curvando diante delas, e isso é contra o Primeiro Mandamento: “Não se curvem a
nenhuma imagem esculpida”. Mas elas estavam sendo permitidas, e lá estavam no altar
lateral da igreja.
Quando regressei a Viena, conversei com amigos, rezei e rezei.
Meu amigo queria me ajudar, ligou e me perguntou: “Você ainda quer fazer isso?”.
Respondi: “Sim, na verdade eu quero fazer isso”. E ele concordou: “Então vamos
lá”. Perguntei à minha esposa, e ela disse: “Sim, concordo, mas você precisa
perguntar a um sacerdote”. Perguntei a um padre de posição tradicional muito boa,
e ele me incentivou: “Sim, você deve fazer isso, é bom”. Perguntei ao meu amigo
se ele estava disposto a ir e filmar, e ele imediatamente concordou. Fomos então
para o aeroporto, compramos as passagens e voamos para Roma. Lá chegando,
dormimos durante algumas horas. E no início da manhã, quando as portas da
igreja deveriam se abrir (o que só aconteceu mais tarde, às seis e meia), já
estávamos lá na frente. As portas da igreja ainda estavam fechadas, e decidimos
rezar o Terço caminhando nas adjacências. Quando a última Ave-Maria foi rezada,
as portas da igreja se abriram, e dentro dela havia apenas quatro pessoas: três
preparando a Missa, e uma rezando o Terço. Entrei, peguei as estátuas, levei-as
ao rio Tibre e ali as jogamos, como se pode ver no vídeo filmado pelo meu amigo.
Catolicismo — O senhor permaneceu anônimo por alguns dias, e só depois divulgou sua identidade ao mundo. Por que agiu assim?
Alexander Tschugguel — De
início eu queria permanecer anônimo, pois desejava que as pessoas falassem
sobre o fato, e não sobre quem o realizou. Queríamos apenas acompanhar, para
saber se as pessoas o entendiam na perspectiva correta ou não. Vimos que
começaram a circular rumores e suposições errôneas sobre os nossos motivos e
objetivos, por isso decidimos sair a público e explicar por que o fizemos, para
dar um rumo certo à discussão.
Não sou bom para manter as coisas em segredo, e algumas
pessoas ao meu redor já sabiam quem tinham sido os autores. Cheguei também à
conclusão de que, como católicos, temos que lutar de viseira erguida, em campo
aberto, como dizemos em alemão: mit
offenem Visier. As pessoas devem e nós, como católicos, devemos estar
prontos para sair às ruas e nos tornarmos conhecidos por nossas posições. É bom
sair e bradar, porque o Santo Padre precisa ver que nós, como fiéis, não
queremos que ele caminhe na direção errada. É ruim para ele, é ruim para a
Igreja, e é ruim para os próprios Padres sinodais. Queremos difundir a fé
católica, falar a verdade, seguir a Jesus.
Catolicismo — Suas ações deram voz a inúmeros católicos do mundo inteiro, que ficaram muito perturbados com a “pachamama”, o Sínodo sobre a Amazônia, a Teologia da Libertação etc. O senhor recebeu manifestações de apoio? E de hostilidade?
Alexander Tschugguel — Na
verdade, recebi principalmente incentivo, a maioria das pessoas entendeu por
que eu fiz isso. Sentiram-se aliviadas e muito felizes com o acontecido.
Portanto, foi muito importante gravarmos esses vídeos e explicar nossa ação, para
que as pessoas não pensassem que agíamos contra o Papa ou contra a Igreja, pois
isso eu não faria nunca. Pouquíssimos tiveram a lealdade de me escrever
diretamente para me atacar. Nosso arcebispo e cardeal [Christoph Schönborn]
disse que isso era ruim, que o Santo Padre pediu desculpas às pessoas ofendidas
por minha ação. Tentei filtrar as críticas: É alguém que critica o que eu fiz
ou é alguém que critica o fato de eu ser católico e tradicionalista? Houve
pessoas que criticaram o ensino católico em geral, o fato de ser católico e de
ir à Missa tradicional. Quanto a esses, não levei muito a sério. Sobre os fiéis
católicos que pensaram ter sido má a minha ação, tentei localizá-las,
procurando responder a todas as cartas que recebi.
Alexander Tschugguel promoveu no dia 30 de novembro de 2019, diante da Catedral de Santo Estêvão, um Rosário em reparação por um show pró-LGBT que se desenrolava no interior dessa catedral. |
Catolicismo — Depois de suas ações em Roma, o senhor fundou o Instituto São Bonifácio. Qual é o objetivo de sua organização?
Alexander Tschugguel — O Instituto São Bonifácio foi fundado
posteriormente. Logo que fizemos a divulgação dos nossos vídeos, vendo tantas
pessoas procurarem contato conosco, dei-me conta de que precisávamos de uma
plataforma para coletar os dados delas, manter contato e atraí-las para os
empreendimentos. Mas concluí que não deveriam se dirigir a mim como pessoa, mas
à fé católica e à tradição católica. Por isso fundamos o Instituto São Bonifácio. [É bom lembrar que São Bonifácio foi o
apóstolo dos povos germânicos, tendo na sua história a derrubada de um carvalho
dedicado ao deus Thor. Fato muito atual, aliás, nesta época de “ecologismo
integral”].
No momento, estamos organizando uma grande conferência para
maio de 2020 e outros eventos públicos. Gostaríamos de contatar todos esses
católicos para que, antes de tudo, vejam que não estão sozinhos, mas com
milhões de fiéis em todo o mundo. Há fé, há esperança. Imagino que muitas
pessoas pensaram em sua própria fé e chegaram a um ponto de decisão. Isso é
sempre bom, pois a melhor coisa que podemos fazer é seguir a Cristo. Estou contente
com o que vem acontecendo no momento e espero que o trabalho do Instituto São Bonifácio continue e cresça.
Temos tantas coisas para fazer agora, o meu dia inteiro está cheio de coisas
para fazer, e isso é realmente bom.
Catolicismo — O senhor também está organizando comícios e protestos, utilizando-se da recitação do Rosário em público. No dia 30 de novembro o senhor promoveu um Rosário em frente à Catedral de Santo Estêvão, contra um show pró-LGBT. Pretende continuar com ações como essa?
Alexander Tschugguel — Sempre
que houver necessidade de uma ação assim, pelo menos tentaremos organizar algo.
Nem sempre será possível, mas nossa ideia é ser uma voz pública em defesa da fé
católica, da moral católica. Não uma voz pública desrespeitosa. Pelo contrário,
muito respeitosa, além de clara e fiel à fé. Pretendemos promover muitos
Rosários, muitas manifestações. No entanto, nosso principal objetivo no momento
é estruturar solidamente o Instituto São
Bonifácio, para que no futuro possamos atuar regularmente e de maneira mais
profissional. Isso requer muito trabalho, mas é o que estamos fazendo agora.
Como
atualmente as pessoas estão perdendo a esperança em tudo na vida, se nós realmente
procurarmos seguir a Cristo, dando o exemplo como católicos, por meio do nosso
exemplo outras pessoas que não são católicas poderão ver o que lhes falta, e
que existe uma alternativa para essa terrível vida modernista, a qual gira
apenas em torno do dinheiro e do prazer que ela oferece. Podemos dar às pessoas
uma boa alternativa, pois a realidade é o que pregamos. Podemos mostrar como as
pessoas podem viver uma vida correta, e isso é algo que não lhes é dado fazer
hoje em dia. Elas acham que tudo está inventado, não acreditam mais em nada.
Toda vez que lhes dizemos “isso é um fato”,
elas respondem: “Sim, sim, é nisso que você acredita”. As pessoas não
entendem que existe uma realidade objetiva, uma verdade objetiva, regras
objetivas e uma lei objetiva, que é a lei natural. Com o nosso exemplo, talvez elas
possam entender novamente isso, ter esperança e ser fiéis. Poderia ser o começo
da reconstrução da cultura católica europeia.
Para finalizar, gostaria de
agradecer pelo trabalho que a TFP realiza. Como vocês sabem, ela é uma
organização muito importante na minha vida, e tudo que o Prof. Plinio fez foi admirável.
Eu já li os livros dele e recomendo a todos que os leiam.
Fonte - abim
Nenhum comentário:
Postar um comentário