As lágrimas são frequentemente interpretadas por nossa sociedade como uma forma de vulnerabilidade. Enquanto força, autocontrole ou até insensibilidade são considerados qualidades. E se isso não fosse verdade?
Por Edifa
Choramos muito na Bíblia: lágrimas de
luto, arrependimento, emoção, alegria. Ana lamenta não ter filhos (1 Sm
1, 10). Davi, que sobe ao Monte das Oliveiras aos prantos, traído por
seu filho Absalão (2 S 15, 30). José, emocionado ao encontrar seus
irmãos após anos de exílio (Gn 42, 24). Sara, futura esposa de Tobias,
desesperada por causa das calúnias de um servo (Tim 3, 10). Maria
Madalena, cujas lágrimas de contrição transbordam sobre os pés de Jesus
(Lc 7, 38). Pedro que chora amargamente por sua tríplice negação (Lc 22,
62). Paulo escreveu aos coríntios “entre muitas lágrimas” para
mostrar-lhes a sua afeição (2 Cor 2, 4) e tantas outras, até o próprio
Jesus lamentando sobre Jerusalém (Lc 19, 41) ou cheio de compaixão
diante da tumba de seu amigo Lázaro (Jo 11, 35). “Bem-aventurados os que
choram”, diz a terceira bem-aventurança (Mt 5, 5), então por que
algumas pessoas tantas vezes recusam o direito de chorar?
A esperança cristã não suprime a tristeza
Não choramos porque não gostamos de
revelar nossa fraqueza. Porque sempre ouvimos as pessoas dizerem: “Não
choramos em público”. Não queremos mostrar o que realmente sentimos ou
por medo de machucar os outros ou por medo de aumentar a sua própria
dor. Não choramos porque não queremos incomodar e mostrar nossas
dificuldades “quando há pessoas muito mais infelizes do que nós!”.
Imaginamos que as lágrimas são incompatíveis com a esperança cristã: “Se você me ama, não chore“, escreve Santo Agostinho sobre a morte.
Mas sim, a morte é triste, como muitos
outros eventos que rasgam nossos corações. Certamente, a esperança
cristã é mais forte que essa tristeza, mas não a remove. A Páscoa não
apaga a Sexta-feira Santa! A certeza de ser amado por Deus, e a alegria
que daí resulta, não impede o sofrimento da separação, do fracasso e o
luto de todos os tipos, de partilhar os sofrimentos dos outros. Pelo
contrário! O amor nos torna vulneráveis, a intimidade com Deus não
protege o coração, mas refina sua sensibilidade. A esperança não nos
torna seres desumanos, pairando com desapego acima das dores que afetam
as pessoas comuns. E quanto mais nos deixamos vestir com o poder do
Espírito Santo, menos temos medo de ser tocados por aquilo que dói.
Por que você não deve segurar as lágrimas
Se o Senhor nos deu a capacidade de
chorar, é para que usemos. Não há nada pior do que uma dor recorrente,
que não conseguimos expressar através das lágrimas. E nada é mais
difícil do que sentir a dor de um ente querido e vê-lo cerrar os dentes e
o coração para não demonstrar angústia. Chorar não é sinal de falta de
esperança. À condição de não se fechar em sua dor, de não “saborear suas
tristezas”, de não confundir chorar e choramingar, de saber como secar
suas lágrimas e de não as utilizar para manipular seus entes queridos
(“Veja como você me faz infeliz!”).
Pleurer est un signe de vulnérabilité ?
Oui, et tant mieux ! Cela nous rappelle que nous sommes pauvres et
petits, que nous avons besoin de Dieu et de nos frères. « Nous ne
devrions jamais avoir honte de nos larmes, écrivait Charles Dickens, car
c’est une pluie qui disperse la poussière recouvrant nos cœurs
endurcis. »
Chorar é um sinal de vulnerabilidade?
Sim, e isso é bom! Isso nos lembra que somos pobres e pequenos, que
precisamos de Deus e de nossos irmãos. “Nunca devemos ter vergonha de
nossas lágrimas”, escreveu Charles Dickens, “porque é uma chuva que
dispersa a poeira que cobre nossos corações endurecidos.”
Christine Ponsard
Fonte - aleteia
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