Nenhum verdadeiro católico deveria apoiar, em hipótese alguma, a bandeira vermelha do comunismo
Por Vanderlei de Lima
Se é difícil sustentar que haja “católicos-comunistas” – pois ser católico significa crer em Deus e nos valores espirituais e ser comunista supõe professar o materialismo –, não é, infelizmente, tão difícil identificar católicos aliados do comunismo.
Feita esta afirmação séria, convém argumentar sobre ela. De pronto, recordemos que a doutrina comunista, apresente-se com o nome que quiser (marxismo, comunismo, socialismo etc.), nunca condiz com o Evangelho (cf. Pio XI. Quadragesimo Anno, n. 117; Paulo VI, Ecclesiam Suam, n. 105; João Paulo II, Centesimus Annus, n. 26 etc.). Sim, o comunismo é mau em sua própria essência, “intrinsecamente perverso” (Pio XI. Divini Redemptoris, n. 58; cf. Puebla, n. 543-544). Já o capitalismo, de si, é aceitável, desde que não conduza ao individualismo nem ao predomínio da lei do mercado sobre o trabalho humano (cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 512).
Daí haver quem deseje rejeitar tanto o comunismo quanto o capitalismo a fim de substitui-los apenas pela doutrina católica. Isso é impossível, segundo o Papa São João Paulo II, uma vez que “a doutrina social da Igreja não é uma terceira via entre capitalismo liberalista e coletivismo marxista, nem sequer uma possível alternativa a outras soluções menos radicalmente contrapostas […]. A sua finalidade principal é interpretar estas realidades, examinando a sua conformidade ou desconformidade com as linhas do ensinamento do Evangelho sobre o homem e sobre a sua vocação terrena e ao mesmo tempo transcendente; visa, pois, orientar o comportamento cristão. Ela pertence, por conseguinte, não ao domínio da ideologia, mas da teologia e especialmente da teologia moral” (Sollicitudo Rei Socialis, n. 41). Na política, poder-se-ia chamar essa corrente de “centrão”. Diz estar entre o capitalismo e o comunismo, mas, na hora decisiva, favorece, por ações ou omissões, o lado comunista (cf. https://ipco.org.br/centrao/).
Ante tudo isso, nenhum verdadeiro católico deveria apoiar, em hipótese alguma, a bandeira vermelha do comunismo. No entanto, não é assim. Há entre nós os chamados inocentes úteis, ou seja, com aparente inocência, rejeitam pontos centrais da Doutrina Social da Igreja – como os expostos neste artigo, por exemplo –, mas são, contraditoriamente, muito úteis para atacar tudo quanto afronta a Deus, a sua Igreja, a dignidade humana etc. É – dói dizê-lo – um tipo de gente sempre pronta a afagar o mal, mas a afogar, com os maiores xingamentos ou mesmo agressões os seus irmãos na fé. São arautos de uma tolerância que, inexplicavelmente, não tolera a verdadeira fé católica. Isso lhe parece muito teórico? – Faça, pois, um teste: apresente este artigo a uma pessoa de aparência bondosa, democrática, “do centrão” etc. Se ela mostrar consonância de alma com os ensinamentos da Igreja, você está ante alguém verdadeiramente católico. Caso, porém, diante dos ensinamentos do Magistério da Igreja aqui expostos, essa pessoa se transformar e passar a ofender a você, a mim e – direta ou indiretamente – a Igreja, está, na sua frente, um inocente útil ou o próprio lobo em pele de cordeiro.
Aqui, importa notar que, com o tempo, não poucos desses inocentes úteis se tornam comunistas completos. Sim, Santiago Carrillo, então secretário-geral do Partido Comunista espanhol, declarava: “A propósito da colaboração com os católicos, alguns camaradas…. perguntaram-nos se não irá mudar o conteúdo de nossa ideologia. Respondi-lhes com uma pergunta, que pareceria simplista: Desde que começamos esta política, quantos camaradas vocês conhecem que se tenham tornado religiosos? Em compensação, quantos católicos se tornaram comunistas?” (Mañana. Espanha: Col. Ebro, Paris, 1975, p. 25, 203 e 232).
É por causa desses católicos – maldosos ou mal informados (só Deus julgará!) –, e não da doutrina católica em si, que, em 1979, Luís Carlos Prestes, secretário geral do Partido Comunista, no Brasil, declarava: “O nosso melhor aliado hoje é a Igreja Católica. A Igreja Católica hoje é a mais progressista do mundo, inclusive na maioria de sua hierarquia” (Jornal do Brasil, 10/12/1979, 1º Cad., p. 3).
Fica, pois a questão: se ainda estivesse vivo, Prestes repetiria a sua forte afirmação a propósito dos católicos aliados do comunismo?
Fonte - aleteia
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