Às vezes é interessante relembrar acontecimentos recentes, cuja importância pode ter passado despercebida ou simplesmente não termos percebido, e que, no entanto, podem ser fundamentais para interpretar o momento em que vivemos.
Por Pedro Abello
Em meados de 2017, chamou minha atenção um artigo que parecia extraordinário por suas possíveis implicações. O referido artigo descrevia, nem mais nem menos, o que poderia ser a efetiva realização do início de Apocalipse 12 neste momento de nossa história, no tempo em que nos foi dado viver.
Todos nos lembramos da profecia que tantas vezes lemos e ouvimos, e sobre a qual tanto se falou: “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. E estando grávida, gritou nas dores do parto, na angústia do parto”.
E se aquele sinal no céu já tivesse aparecido em toda sua precisão e majestade, diante de nossos olhos, e não tivéssemos sido capazes de entendê-lo? É isso que sugere o artigo de Patrick Archbold ao qual me refiro abaixo.
Impressionado com a força sugestiva do que Archbold relata, em junho de 2017 escrevi o artigo que transcrevo abaixo, com uma ligeira correção, que foi publicado pelo Fórum Libertas e que agora ofereço à redação da Infovaticana caso considere de seu interesse para “ressuscitá-lo”, dada a natureza extraordinária de suas possíveis implicações.
Com isso não pretendo tomar nada como garantido, pois só Deus conhece as coisas do Céu, mas simplesmente oferecer à reflexão dos leitores acontecimentos tão extraordinários que parecem cuidadosamente planejados para nos dar a conhecer uma importante mensagem. Que cada um dê sua opinião de acordo com seu conhecimento e compreensão leais e precisos.
Um grande sinal no céu
Em 29 de outubro de 2015, Patrick Archbold publicou um artigo fascinante no The Remnant intitulado Apocalypse Now? Mais um grande sinal surge nos céus. O autor refere-se a uma extraordinária conjunção planetária entre as constelações de Virgem e Leão e a passagem de Júpiter por Virgem, que começou em 20 de novembro de 2016 e terminou em 23 de setembro de 2017. Para esta conjunção, disse 20 de novembro, o planeta Rei (Júpiter) entrou o corpo de Virgem, permanecendo em seu ventre por nove meses e meio devido ao seu movimento retrógrado. Após este período de “gestação”, Júpiter deixou Virgem (nasceu) em 23 de setembro de 2017, e no momento de seu “nascimento” vimos o sol aparecer logo atrás de Virgem, com a lua a seus “pés”, e no a "cabeça" dessa constelação uma coroa de doze estrelas, formada pelas nove da constelação de Leão mais Mercúrio, Vênus e Marte.
Uma conjunção tão estranha e única é associada pelo autor com Apocalipse 12: “Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. E estando grávida, gritou nas dores do parto, na angústia do parto”. Tal associação implica obviamente a sugestão de um conteúdo apocalíptico para o tempo em que vivemos, uma ideia que está longe de ser estranha e tem sido repetidamente expressa por muitos autores, pelo que não é necessário insistir nela. A peculiaridade desse caso – e não é pequena – é falar de um evento específico, em um momento específico, como uma possível confirmação de tal conteúdo.
Não sei se existe a relação sugerida por tal artigo, embora admita que seja impressionante a coincidência entre as posições dos astros e o texto da profecia. No entanto, sigo a ideia expressa por John-Henry Westen no sentido de que, embora não conheçamos a realidade desta relação, é verdade que os acontecimentos podem ser inseridos num contexto muito específico: a celebração do centenário de a aparição da "mulher vestida de sol" em Fátima, a verificação do cumprimento das suas advertências, a expectativa perante a qual permanecem pendentes de cumprimento e todos os fatos, geralmente pouco conhecidos, que caracterizam este momento:
- A polêmica em torno da publicação do Terceiro Segredo de Fátima, que a Igreja afirma ter dado a conhecer na íntegra, enquanto personalidades eminentes dão uma versão muito diferente: o Padre Ingo Dollinger, confidente do então Cardeal Ratzinger, que afirma que o Cardeal próprio confessou-lhe que “o que publicamos não é o texto completo”, acrescentando que “nos mandaram fazê-lo”, versão posteriormente confirmada por Gottfried Kiniger, amigo íntimo de Dollinger, pelo cardeal Luigi Ciappi, um dos as poucas pessoas que leram o texto completo, que, numa carta ao Professor Baumgartner, afirmou que "no Terceiro Segredo está previsto que a grande apostasia da Igreja começará no seu ápice", bem como pelas indagações do Alice von Hildebrand.
- Não podemos esquecer a carta da Irmã Lúcia ao agora Cardeal Carlo Caffarra, quando foi comissionado para criar um novo Pontifício Instituto de estudos sobre o matrimônio e a família, na qual ele prevê a atual polêmica sobre o casamento e o chama de “batalha final”.
- A tudo isso soma-se a estranha renúncia de Bento XVI, mantendo, porém, o "munus petrinum", o ministério petrino e, portanto, o status de pontífice, bem como as muitas especulações sobre suas causas; a “festa do sal da terra” e o “grupo Sankt Gallen”.
- Também as controvérsias sobre o pontificado do Papa Bergoglio, os cardeais da "dubbia", as declarações de Arturo Sosa e muitos outros...
- Em outro campo, a crescente perseguição à Igreja, sangrenta em muitos lugares ou sem sangue (ainda) em muitos outros.
- A promulgação de leis totalitárias contra a liberdade de expressão, condenando severamente aqueles que expressam opiniões contrárias aos dogmas LGTBI ou ao aborto, por exemplo.
- Acrescente a isso as revelações a Santa Faustina Kowalska sobre o tempo da Misericórdia e o tempo da Justiça. E, em geral, um mundo em que o homem eliminou Deus tomando o seu lugar, declarando-se totalmente autônomo e fazendo de sua vontade subjetiva a fonte de toda "verdade" (tantas quantas vontades) e o fundamento de toda "moral" caprichosa.
Diante de todo esse acúmulo de elementos inter-relacionados, e muitos outros que, se mencionados, constituiriam um livro inteiro, confesso que estou fortemente tentado a dar plausibilidade à relação sugerida nos artigos acima mencionados, pois a situação de nosso mundo se assemelha surpreendentemente ao que os profetas de Israel e os Evangelhos descrevem como o “fim dos tempos das nações”, que não é o fim do mundo.
E se assim fosse, deveríamos temer aquele tempo de Justiça que parece estar sobre nós? Ora, se não acreditamos em Deus, se pensamos que o homem é realmente um ser autossuficiente, derivado da matéria pura como um conjunto aleatório de átomos, fruto do acaso, sem nenhum elemento espiritual em sua constituição, então por que perder tempo? com bobagens? Mas creio em Deus, creio que o homem foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, dotado, portanto, de um elemento espiritual que chamamos alma, imortal como espiritual, suscetível de retribuição após a vida nesta terra dependendo de sua fidelidade ou infidelidade à sua própria natureza como criatura criada à imagem de Deus e criada livre, totalmente responsável por suas ações, que, fazendo mau uso dessa liberdade, pretendia tomar o lugar de Deus estabelecendo por si mesma e por sua própria vontade o bem e o mal (como agora), que por isso perdeu a amizade de Deus e introduziu o mal na terra. Acredito também que Deus enviou seu Filho unigênito para assumir a natureza humana e purificá-la com seu próprio sangue, restabelecendo assim para o homem a possibilidade de recuperar a amizade de Deus, sempre dependendo de seu livre arbítrio, amizade que, após a Redenção, já não é simples amizade, mas filiação divina.
Se acredito em tudo isso e considero meu próprio comportamento e o comportamento do homem em geral em relação às exigências de sua natureza, temo que tenhamos contraído uma enorme dívida com a Justiça divina, uma dívida cujo pagamento pode ser exigido de nós. Se Deus nos deu um tempo de Misericórdia para poder mitigar ou mesmo anular essa dívida com base em seu reconhecimento e arrependimento, no humilde pedido de perdão e na correspondente penitência e conversão ou mudança de vida, mas acontece que não temos conhecido ou desejado aproveitar essa oportunidade, agora é a hora de pagar essa dívida, e pode ser um pagamento muito ingrato, assim como o próprio Apocalipse 12 sugere.
Porque depois do anúncio da mulher grávida vestida de sol, a revelação anuncia o aparecimento do grande dragão escarlate, que depois de tentar sem sucesso devorar o filho prestes a nascer, é abatido do céu e lançado à terra junto com seus anjos: dos habitantes da terra e do mar! porque o diabo desceu a vós com grande ira, sabendo que tem pouco tempo (…) e foi fazer guerra ao resto da sua descendência.
Tudo isso sugere um tempo de confronto mortal entre o bem e o mal, em que o mal, com a força do desespero (já que "sabe que tem pouco tempo"), parecerá vencer. Muitos serão seduzidos pelo mal ou se curvarão à sua violência. “Mas no final o meu Imaculado Coração triunfará”, e são estas as palavras da Mulher Vestida de Sol em Fátima que devem dar-nos a força necessária para resistir e perseverar.
Minha intenção não é afirmar ou negar, mas oferecer alguns elementos de reflexão para quem quiser considerá-los e submetê-los ao seu livre julgamento.
Fonte - infovaticana
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