POR NICOLÁS DE CÁRDENAS
O Bispo de Vitória (Espanha), Dom Juan Carlos Elizalde, adverte que, por meio de plataformas e redes sociais, os jovens são estimulados a uma "hipersexualidade desvinculada do afeto e do projeto" que, junto com a pornografia, supõe "uma concepção errônea e perversa de amor, sexo e respeito pelo próprio corpo”.
O Prelado influenciou a questão da educação dos jovens durante a homilia proferida na Missa do dia da Virgem Branca, neste 5 de agosto, padroeira da cidade basca, seguindo a história bíblica do Menino perdido e encontrado no templo.
O Evangelho narra que Jesus tinha 12 anos. O arcebispo Elizalde afirma que hoje na Espanha essa idade marca “a estreia no álcool e no sexo sem afeto ou projeto”, em parte por falta de uma alternativa de lazer saudável e sem riscos.
“Esse sistema socioeconômico que desumaniza tantas pessoas, também sufoca o descanso e o direito a uma infância, adolescência e juventude saudáveis e seguras, de acordo com a idade”, lamenta o bispo de Vitória.
Já por volta dos 14 é quando “eles abordam as drogas da cannabis como porta de entrada”, acrescenta.
Referindo-se à busca realizada por São José e a Virgem Maria para encontrar Jesus, o Prelado admite que, ao ouvir notícias negativas sobre a juventude, “seria desonesto olhar apenas para as instituições ou para as forças e órgãos de segurança”.
Por isso, convida famílias, administrações, professores ou empresas a se envolverem em um projeto de juventude saudável. Nesse sentido, assegura que “não vale a pena reduzir o consumo de drogas nos jovens. Você tem que lutar contra isso”, como outros males.
Na sua opinião, também não é lícito que pais, família, escolas e a Igreja “sempre que cedam na formação de valores” deixando esse papel para as redes sociais. O resultado "é um aumento sem precedentes de problemas de saúde mental, suicídios e depressão em jovens".
O Bispo de Vitória considera que os jovens, "desprovidos de raízes, significados, projetos e transcendências, entregam-se instintivamente ao presente numa sexualidade descartável".
Por outro lado, o Prelado sublinha que “o fracasso de uma juventude saudável é o fracasso de toda a sociedade” e encoraja a oferecer uma educação melhor e não deixá-la “depender de interesses estranhos”.
Assim, afirma com veemência, “conhecemos os valores que fizeram da nossa civilização um progresso, direitos humanos, respeito pelos outros, paz entre os diferentes povos, tolerância como forma de convivência e democracia como sistema político”.
Em contrapartida, denuncia Mons. Elizalde, certo conformismo enquanto a Filosofia e a Religião são relegadas nas escolas ou a exigência de esforço para passar no curso é diminuída.
“Uma juventude sem valores e sem esforço corre o risco de ficar à mercê dos poderosos e de os tornar submissos” a um sistema que “gera injustiça, violência e medo”, sublinha.
Responsabilidade dos Pais e Educadores Batizados
Recordando que Maria “guardava tudo isso no coração”, o Bispo de Vitória afirma que “o coração dos pais é a condição para a possibilidade do crescimento dos filhos”.
Nesse sentido, ele fez um apelo aos pais e educadores batizados: “Sem sua vida cristã comprometida, os jovens podem permanecer nos costumes religiosos de nossas festas”.
Não é de surpreender, lamentou Dom Elizalde, que em sua diocese “há um claro e incomum desapego da vida de fé” que se refletiu no fato de que “apenas um punhado” dos que participaram da Peregrinação Juvenil Europeia são de Vitória. "O que acontece aqui em nossos jovens não é normal", ressaltou.
Apesar dos dados pessimistas, o bispo de Vitória encoraja a não desistir do esforço porque “o coração do jovem é o mais predisposto à autenticidade e à generosidade”.
Fonte - aciprensa
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