Conversar tarde da noite no escritório ou conversar em redes sociais com seu/sua colega pode parecer trivial à primeira vista. Entretanto, a infidelidade emocional pode causar o mesmo caos em um casal que a infidelidade física. Veja neste artigo 4 dicas para evitar cair na armadilha quando a oportunidade bate em seu coração
Por Marzena Devoud
Tudo começou com uma conversa um pouco mais longa do que o habitual em uma viagem de negócios. Emma, uma consultora de 38 anos, acha maravilhoso que ela se dê tão bem com seu colega. É verdade que ela também está, talvez inconscientemente, à procura de elogios dele. Bonita, Emma sente a necessidade de se sentir atraente, feminina, admirada. “Provavelmente foi tudo isso ao mesmo tempo”. Eu estava procurando viver a vida em plenitude, vibrar novamente, especialmente porque meu marido Hugo e eu estávamos passando por um período bastante triste e rotineiro. "Eu tinha a impressão de que nada de bom voltaria a nos acontecer”, conta ela à Aleteia.
Ela ficava cada vez mais tarde no escritório e tinha o hábito de conversar com seu colega nas redes sociais. “Havia algo de excitante em nossas divertidas e amigáveis conversas. Assim que as coisas não estavam indo tão bem com Hugo, eu investi ainda mais em minhas conversas com este colega”, diz ela. Embora ela admita que às vezes ouvia uma vozinha dentro dela dizendo-lhe que está tocando a linha vermelha, ela se tranquilizava dizendo que era “apenas uma amizade no trabalho, nada mais”. Portanto, não se trata de infidelidade. Será?
Há muitas maneiras de ser mais ou menos (in)fiel na vida de um casal. Entre olhares e pensamentos, entre gestos e palavras, no trabalho ou no smartphone… Pode parecer uma coisa pequena à primeira vista, mas o inimigo do casal sabe jogar sutilmente, fazendo um dos cônjuges deslizar em adultério do coração.
A infidelidade emocional pode ser tão destrutiva quanto a infidelidade sexual
“Embora as formas de infidelidade possam ser interpretadas de forma diferente por cada pessoa, não há dúvida de que o adultério do coração, ou infidelidade emocional, pode ferir tanto quanto a infidelidade sexual. Seja conversando com um colega em redes sociais ou ficando até tarde no escritório com ele ou ela, a infidelidade emocional ocorre quando um dos parceiros se sente negligenciado e está em verdadeiro sofrimento. Portanto, pode separar um casal tanto quanto a infidelidade sexual”, diz Raphaëlle de Foucauld, conselheiro matrimonial e criador do conceito “2 Minutos de Felicidade”.
Foi o que quase aconteceu com Emma e seu marido. Um dia, Hugo teve um palpite de que a alegria de sua esposa durante o jantar não se devia à relação entre eles. Na verdade, ele não esperou muito tempo por uma prova. Uma notificação vista por acaso em seu telefone revelou a realidade. O que se seguiu foi bastante dramático: Emma, envergonhada, percebeu que estava de fato amava seu marido, Hugo. Quanto a Hugo, ele se sentiu magoado e traído. “Eu não tinha imaginado que um flerte ‘sem ir até o fim’ pudesse abalar o casal a tal ponto”, admite ela.
A devastação do segredo
Flertar com seu/sua colega pode parecer diversão inofensiva, apenas uma forma de estimular seu ego. Mas este flerte “inocente” pode facilmente se transformar em uma verdadeira relação íntima que nos impulsiona a ir mais longe.
Para que um relacionamento dure, ele precisa de três pilares essenciais: confiança, respeito e segurança
Quer um sinal de alerta? É o segredo. O segredo se transforma em mentira. Como resultado, tudo está aí para ferir o parceiro negligenciado: sentimentos de traição, ciúmes e insegurança. Estes são tão poderosos e reais como no caso da infidelidade física. “Para que um casal dure, ele precisa de três pilares essenciais: confiança, respeito e segurança. O marido de Emma, Hugo, viu todos os três desmoronarem ao mesmo tempo. Foi isso que desencadeou a crise em seu relacionamento”, diz Raphaëlle de Foucauld.
É claro, você pode ter amizades fora de seu relacionamento. No entanto, nenhuma delas deve ser prejudicial para o parceiro. “Quando alguém se torna um confidente privilegiado de um cônjuge, especialmente no que diz respeito ao seu relacionamento, então o risco de ultrapassar o limite é significativo”. Este tipo de "infidelidade do coração pode tornar-se perigoso porque usurpa o lugar reservado para o relacionamento do casal”, analisa o conselheiro matrimonial. Da mesma forma, perigos semelhantes podem afetar o casal por causa de amizades nas redes sociais. As relações virtuais são reais no sentido de que podem prejudicar o outro de uma maneira muito real.
Dicas para evitar o adultério do coração
Mas como você pode evitar cair na armadilha do adultério do coração, quando surge a oportunidade? “A pequena voz do inimigo do casal não vai sugerir que se cometa o adultério. Não é assim que acontece. Mas pode haver momentos na vida em que você vive certa expectativa, como receber uma mensagem ou o contato de WhatsApp de um amigo. Momentos em que se espera um pouco demais para ter uma conversa íntima com esta ou aquela pessoa no trabalho. O que pode ser completamente inocente também pode significar que você tenha dado muito espaço em seu coração a essa pessoa”, diz o Padre Paul Habsburg, que prepara casais para o sacramento do matrimônio na paróquia de Notre-Dame d’Auteuil. Aqui estão seus 4 conselhos para evitar as armadilhas do adultério:
1 COMPREENDER A SUTILEZA DO ADULTÉRIO
É essencial sondar o coração e sua natureza: onde acolher uma leve infidelidade no coração causa um pouco de prazer. Voltando a Emma, ela não teve má intenção. Mas a questão é esta: ao aceitar esta pequena onda de afeto de alguém que não é seu marido, ela manteve-se realmente fiel às promessas de seu casamento? Será que ela é fiel em seu coração? Se o adultério do coração se manifesta, não seria uma oportunidade inesperada de renovar seu incondicional “sim” ao cônjuge e de escolhê-lo novamente como marido, bem como de fortalecer Deus como aliado do casal?
2 AMPLIAR O CONCEITO DE FIDELIDADE
Não estamos falando do tipo mais sério de infidelidade, do tipo que experimentamos quando nos entregamos à pornografia, à prostituição ou a um caso extraconjugal. Aí, não é difícil ver que é ruim. Se ao invés disso nos concentrarmos em certas nuances, aquelas que caracterizam os limites de um domínio muito precioso para aqueles que querem crescer em fidelidade. Isto nunca é estático. Ambos os cônjuges mudam, e as circunstâncias também mudam. A vida confronta cada casal com situações inesperadas nas quais é essencial renovar seu ideal de fidelidade, exclusividade e total doação ao outro.
Ao se casarem, os cônjuges prometem se amar e respeitar um ao outro pela vida. Entretanto, o pequeno “sim” de algum tempo atrás provavelmente se tornou muito estreito. Ele deve ser renovado e adaptado às novas situações da vida em comum. Para ter certeza de que você permanecerá fiel, a receita é simples. Tudo o que você precisa fazer é se perguntar: você pode falar calmamente sobre esta outra relação com seu parceiro?
3 RENOVAR SUA ESCOLHA PELO SEU RELACIONAMENTO
Voltemos ao relacionamento de Hugo e Emma e sua infidelidade emocional. Tal situação pode ser uma grande oportunidade para dar aquela nova oportunidade de “preferir” o seu relacionamento, de escolher novamente seu parceiro em relação a qualquer outro relacionamento e de renovar sua promessa. Emma poderia ter dito para si mesma: “Agora eu percebo. Portanto, esta é uma nova oportunidade para investir essa dimensão extra de afeto em meu relacionamento, para dá-lo ao meu marido, em vez de a essa outra pessoa”. Uma nova oportunidade para, "em última instância, escolher meu relacionamento ao invés de qualquer outra realidade”.
4 OUVIR JESUS
Jesus sabia muito bem que em todos os assuntos de afeto, os seres humanos são muitas vezes juízes muito pobres de si mesmos. É por isso que Cristo fala tão claramente em seu Sermão da Montanha.
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher já adulterou com ela em seu coração. (Mt 5,27-28)
“Se Jesus usa uma linguagem tão forte, certamente não é para nos dizer que somos maus – pois Ele sabe que todos às vezes lutam nesta área – mas sim para nos despertar e nos proteger de nós mesmos e de nossa incrível capacidade de autojustificação”, assinala o Padre Paul Habsburg. “Jesus não culpa de forma alguma a atração mútua entre homens e mulheres. É normal e bom”. Mas ele adverte contra o coração dividido, o olhar que deseja se apropriar do outro. Este olhar de desejo pode conter uma dupla intenção, "cria uma ruptura no coração humano”, conclui ele.
Fonte - aleteia
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