Padre Gil Martinez celebra missa no monumento nacional de Stonewall em 17 de junho de 2019. |
Por Joe Bukuras/CNA
Uma paróquia de Nova York que planejava realizar ontem (22) uma “missa do orgulho” em um monumento federal com esculturas de dois casais do mesmo sexo e grupos de bandeiras do orgulho gay e transgênero desistiu do lugar.
A Igreja de São Paulo Apóstolo disse em um e-mail na última quarta (21) aos paroquianos que o Serviço de Parques Nacionais informou que o monumento nacional de Stonewall, que comemora uma revolta LGBT de junho de 1969 contra uma batida policial, “não será aberto ao público amanhã devido às preocupações com a segurança dos eventos na área.”
“Por causa disso, não teremos acesso ao parque para celebrar nossa missa anual do orgulho marcada para amanhã”, disse a igreja em seu e-mail.
A missa ainda seria realizada dentro da Igreja de São Paulo Apóstolo, disse o e-mail.
A mudança de local ocorre em meio a críticas contra a paróquia por sua decisão de realizar uma “missa do orgulho” e por sua escolha do local, com alguns acusando-a de “blasfêmia”.
A igreja de São Paulo Apóstolo é a mesma que organizou a exposição de arte “God is trans” (Deus é trans), no início deste ano.
Paul Snatchko, porta-voz dos padres paulinos, responsáveis pela paróquia disse à CNA em junho que o objetivo de sediar a “missa do orgulho” em Stonewall era evangelizar em praça pública cantando hinos e proclamando a palavra de Deus durante a liturgia.
A igreja de São Paulo Apóstolo celebrou uma missa no monumento nacional de Stonewall em 2019 e um vídeo mostra o padre Gil Martinez celebrando a missa, dizendo “Irmãs, irmãos, Cristo nos chamou aqui hoje para este sagrado espaço para comemorar o sacrifício daqueles que vieram antes de nós.”
“Há 50 anos, os queers, considerados os mais baixos entre os baixos, lutaram por sua dignidade. E embora tenham sido espancados pela polícia, eles não foram quebrados. Sua esperança, fé e raiva construíram a revolução na qual nos apoiamos. Faça uma pausa e olhe ao redor, veja o legado deles nos rostos das pessoas ao seu redor. Veja o que Deus está fazendo em nosso mundo.”
O Stonewall National Monument é um parque em Nova York dedicado à história e aos “direitos LGBT”. Foi designado como monumento nacional pelo presidente Barack Obama em 24 de junho de 2016.
A doutrina católica sobre a homossexualidade está resumida em três artigos do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1993:
2.357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
2.358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação, devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
2359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
O padre Thomas Petri, OP, teólogo moral e presidente da casa dominicana de Estudos em Washington, DC, falou com a CNA, agência em inglês da ETWN, grupo a que pertence ACI Digital sobre a decisão da paróquia, dizendo que a missa não deve ser usada para fazer uma declaração política.
“Certamente é compreensível e faz parte de nossa tradição celebrar a missa em arrependimento por nossos pecados, o que inclui qualquer discriminação injusta contra uma pessoa ou um grupo”, disse o padre.
“No entanto, seria inapropriado que qualquer missa fosse celebrada com fins políticos e com bandeiras políticas ou cartazes de campanha hasteados no santuário ou entre a congregação”, disse Petri.
“Seria ímpio e possivelmente sacrílego porque profana o próprio propósito da missa: a adoração de Deus pela participação no corpo e sangue do próprio Cristo”.
Petri disse que a missa é para “voltar nossas mentes e corações para as coisas que estão acima e não para as coisas abaixo”.
“Ainda mais é esse o caso da missa em Stonewall, onde o monumento, as estátuas e as bandeiras carregam um significado que a maioria das pessoas identifica com um estilo de vida, atividade sexual e uma ideologia que são contrárias tanto à compreensão cristã da pessoa humana e a uma vida de castidade e virtude”, afirmou.
“Insistir nisso não quer dizer que aqueles que experimentam atração pelo mesmo sexo ou disforia de gênero não são discriminados ou são injustificados em sua dor ou raiva”, disse ele.
“Em vez disso, é para dizer que se deleitar com qualquer identidade e estilo de vida que sabemos ser contrário a viver na liberdade dos filhos de Deus acaba danificando a alma e pode destruir o relacionamento de alguém com Deus”, disse Petri.
“Não é pastoral facilitar alguém a trilhar esse caminho. Existem maneiras muito melhores de buscar a justiça no mundo sem abandonar a vocação que todos temos de crescer em santidade”, disse ele.
Fonte - acidigital
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