A Família de Nazaré nos ensina a cristianizar a família pós moderna, recolocando Deus no centro e n’Ele reencontrando a verdadeira felicidade.
JESUS, MARIA E JOSÉ, A FAMÍLIA DE NAZARÉ |
Padre Cesar Augusto, SJ
O perdão dos pecados acontece por causa
de uma atitude de amor para com os pais, pois o lar, Igreja doméstica,
voltou a ser o local do encontro com Deus.
A misericórdia em todos os relacionamentos, mas especialmente para com os pais, está em referência ao próprio Deus que é o Pai por excelência. Portanto, honrar os pais, respeitá-los, é prestar culto a Deus.
Tanto a primeira leitura quanto a
segunda, da liturgia de hoje, não escondem as falhas no relacionamento
familiar e humano, mas nos dizem que o importante aos olhos de Deus não
está em ser sem defeitos, em ter uma família perfeita, mas sim na
capacidade de amar sem medidas, apesar dos limites e das falhas
pessoais. Claro que Deus deseja que sejamos perfeitos, mas mais
importante para Ele é que nos amemos e nos perdoemos como Ele nos amou e
nos perdoou, sem limites, sem restrições.
Dentro desse pensamento sobre o
relacionamento familiar, será importante refletir sobre a realidade da
família deste início de século, onde e como vive. Certamente a maioria
mora em grandes centros urbanos e é constituída pelo casal e por um ou
dois filhos. Um terceiro já faz considerá-la família numerosa.
Também a mãe trabalha fora e pais e
filhos se encontram à noite, cansados, muitas vezes diante da televisão,
ou durante o jantar. Se isso acontece já poderão se classificar
felizes, pois em outros lares, muitas vezes quando pais saem para o
trabalho, os filhos ainda dormem e quando voltam eles já estão deitados.
O encontro, nesse caso, só se dá no final de semana.
Rezar juntos, passar para os filhos a
vivência de uma oração em família, mesmo que seja apenas à mesa, só
excepcionalmente, pois em muitos casos, para que possam descansar, não
cozinham em casa e vão comer fora, em um restaurante ou na casa de
parentes ou de amigos.
É difícil passar valores, enfim, formar
os filhos. A sociedade pós moderna penetra em suas entranhas e é muito
custoso prepará-los para o futuro, para que sejam filhos e irmãos como
Deus quer. Só com a graça divina e com a disposição dos pais para uma
autêntica renúncia e sacrifico.
Renúncia aos apelos de dar aos filhos
tudo o que a sociedade consumista coloca como valores e que os pais
enxergam como coisa boa e vantajosa. É preciso renunciar fazer do filho
ou da filha pessoas como nos pede o elitismo, relativizar seus códigos. É
preciso questionar os valores propostos por ela e crer nos do
Evangelho.
Cabe a pergunta: formo minha família
para ser cidadã deste mundo ou para ser cidadã do Reino de Deus, mas
neste mundo? Jesus rezou ao Pai dizendo que não queria que nos tirasse
do mundo, mas nos preservasse do mal.
Sacrifício: sacrificar significa tornar
sagrado. Meu filho, minha filha, são do mundo ou de Deus? O batismo os
retirou do paganismo e os fez filhos de Deus, sagrados. Respeito a
senhoria de Deus sobre eles ou sou conivente com as solicitações
consumistas e mundanas?
A imagem da Família de Nazaré como
família migrante e pobre nos obriga a refazer a imagem da família atual,
retornando às origens e aos valores, ou seja, a abundância de bens
materiais não é necessária para ser feliz e amar a Deus e ao próximo.
É importantíssimo não só a simplicidade
de vida, mas sobretudo é fundamental a convivência afetiva e efetiva,
além do respeito aos idosos como gratidão e como referência à sua
experiência de vida que porta sabedoria e os referenciais da autêntica
tradição.
A Família de Nazaré nos ensina a cristianizar a família pós moderna, recolocando Deus no centro e n’Ele reencontrando a verdadeira felicidade.
Fonte - vaticannews
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