sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Oração, medo, aceitação

 

 

Por Luis Fernando Pérez Bustamante

 

 

Quando o Senhor Jesus Cristo nos ensinou a orar, Ele mostrou uma ordem clara para o processo. A Oração do Pai Nosso não é apenas uma oração modelo a ser repetida, mas a base para qualquer outra oração. Vejamos:

- Começa reconhecendo e louvando a Deus. 

- Pede-se que venha o seu reino e que se cumpra a sua vontade.

- As coisas são solicitadas para nós. Entre eles está o perdão, que devemos oferecer também àqueles que nos causaram danos.

Na realidade, todos os pedidos que fazemos no Pai Nosso estão de acordo com a vontade de Deus. Mas podemos dizer o mesmo nas outras ocasiões em que oramos?

Confesso que quando estou diante do Senhor para pedir-Lhe algo que me é muito, muito querido, fico com medo. Medo de que sua vontade não seja a de me conceder o que lhe peço. Sei pela fé que Ele me dará tudo o que for bom para mim e para os meus entes queridos e não aquilo que, embora eu deseje, não é conveniente para mim por qualquer motivo e que Ele sabe. Mas por mais que eu saiba que Deus quer o melhor para mim, como é difícil para mim enfrentar suas recusas e principalmente seus silêncios. Mais especialmente aos seus silêncios.

Se ficar claro que Deus não lhe concedeu algo que você pediu (por exemplo, alguém muito querido morre), você simplesmente aceita. Na verdade, é melhor você aceitar, porque depende de você querer ou não. Outras vezes você pode receber uma moção que mostra que Deus lhe dará o que você pede, mas mais tarde, o que o encoraja a continuar orando. Isso aconteceu comigo, mas reconheço que é muito fácil confundir seus desejos com aquelas moções que parecem indicar que o que você pede será atendido. Na verdade, quando acontece comigo que acredito que o Senhor vai me conceder o que peço a Ele e então acontece que Ele não o faz, meu humor e meu espírito literalmente entram em colapso. Não porque Deus tenha me decepcionado, nunca poderei permitir isso, mas porque percebo o quão longe estou de discernir qual é a Sua vontade. E, sinceramente, o que mais me chateia nesta vida é não saber o que Deus quer de mim, o que Deus quer que eu faça, o que Deus não quer para mim.

Pode ser, e de fato acontece, que a sua vontade seja muito dolorosa para mim aceitar. As cruzes e as provações tornam-se como uma laje que às vezes me deixa praticamente enterrado vivo. Sou então um resto humano e às vezes desejo que tudo acabe logo para que eu possa entrar no descanso eterno; E isso se eu receber o dom da perseverança, porque senão...

Mas também sei que essas provas, essas cruzes, são vontade divina. E quando dizemos  Fiat voluntas tuaseja feita a tua vontade, devemos dizê-lo de coração, sem duvidar por um momento que Deus é o Senhor de nossas vidas e o que Ele determinou que seja feito, será feito para o bem de nossas almas.

Nosso Senhor Jesus Cristo nos exortou a sermos persistentes na oração. Não podemos deixar de rezar porque pensamos que Deus não nos ouve ou não quer nos dar nada. Para começar, na oração estamos em comunhão com Ele. Falamos com Ele. Agimos como Seus filhos e entendemos que Ele é nosso pai. Choramos, louvamos, descansamos na sua presença, recebemos o seu amor. Só isso já vale a pena orar sem cessar.

Por último, e isto também é muito importante, a oração torna-nos participantes na comunhão dos santos. Oramos pelos outros e outros oram por nós. E, sobretudo, unimo-nos aos que já estão no céu e por isso mesmo as suas orações são mais eficazes, pois neles já não há sombra do pecado. Escusado será dizer que Aquela que Cristo nos deu como Mãe é quem melhor pode pedir para nós o vinho novo do cumprimento da vontade de Deus na nossa vida. 

Senhor, ajuda-nos nas nossas fraquezas, ensina-nos a orar aceitando a tua vontade e não nos deixes ficar derrotados no chão quando o que pedimos não nos é concedido. E em todo caso, conceda-nos algo que você sempre dá a quem lhe pede: servi-lo no que resta de nossas vidas.

 

Fonte - infocatolica

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