segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

10 razões para fugir da Gestalt-terapia

 

 

Recentemente, o psicólogo Luis Miguel Real publicou um tópico na rede social Twitter (agora chamada X) desmascarando a chamada “Gestalt-terapia”. Devido ao seu grande interesse e clareza, reproduzimos abaixo o seu texto.

A Gestalt-terapia é uma das pseudoterapias da Nova Era mais difundidas e institucionalizadas (até os COPs continuam a trair o código deontológico ao promovê-lo).

10 razões para fugir da Gestalt-terapia:

1. Um estranho híbrido

Para começar, a Gestalt-terapia foi fundada por Fritz Perls e sua esposa na década de 1940, e a primeira coisa a esclarecer é que ela não tem nada a ver com a “psicologia da Gestalt” original, que estudava como percebemos o mundo. Não.

Esta versão alternativa nasceu mais como uma espécie de crítica à psicanálise clássica. Fritz, na tentativa de fugir do roteiro freudiano, decidiu que era melhor focar no presente.  “O aqui e o agora”, lema com o qual a Gestalt-terapia procurou distinguir-se da tendência psicanalítica de passar metade da vida relembrando traumas da infância.

Porém, o curioso é que, apesar dessa ruptura com o passado, a Gestalt-terapia não consegue se separar completamente da psicanálise. Ele continua arrastando boa parte de suas ideias, o que gera um estranho híbrido: um pé no passado e outro, supostamente, no presente.

2. Merda da Nova Era

Depois veio a febre dos anos 70, quando a Gestalt-terapia se misturou ao movimento New Age, e aí se criou uma miscelânea de ideias que deixavam claro que o rigor científico não era o seu forte.

Nessa abordagem tudo era válido: filosofia oriental, psicodrama, teorias da casca muscular, chakras, alinhamento planetário... o que surgisse. Como quem mistura ingredientes sem receita, resultou numa espécie de colagem de práticas sem coesão ou base teórica firme.

E claro, quando você coloca um pouco de tudo na mesma coqueteleira, você acaba com algo que ninguém sabe definir. A Gestalt-terapia é uma mistura de influências, sem uma estrutura clara. E o que acontece quando você não tem um plano sólido? Bem, adeus às evidências científicas.

3. Rigor científico zero

Aí vem um dos golpes mais duros para a Gestalt: sua falta de respaldo científico. Porque se tem uma coisa que amamos é saber que o que estamos fazendo tem provas de que funciona, certo?

O problema é que os estudos que tentaram medir a eficácia desta terapia são mais fracos do que um castelo de cartas num furacão.  As poucas investigações que existem apresentam sérios problemas metodológicos.

Não dá para medir bem, não se sabe o que está sendo avaliado e ainda por cima cada terapeuta faz o que quer. Resultado: não existe um modelo coerente, muito menos validado cientificamente, para saber o que funciona e o que não funciona.

4. A geração de dependência

Agora, o mais grave de tudo isso é o risco de gerar dependência emocional e financeira nos pacientes. Há críticos que apontam que muitos Gestalt-terapeutas procuram manter seus clientes em um eterno ciclo de sessões, o que obviamente cria uma relação de poder desequilibrada.

Ainda mais perturbador é que alguns terapeutas, em vez de assumirem a responsabilidade por uma possível falta de progresso, culpam o paciente:  “Não é que a terapia não funcione, é que você não está se esforçando o suficiente”.

Brilhante. É como se você fosse ao médico com um resfriado e ele lhe dissesse que você ainda está doente porque não quer melhorar. Essa culpabilização gera ainda mais dependência, fazendo com que o cliente acabe preso em um processo sem fim.

5. Técnicas estranhas e inúteis

E as técnicas? É aqui que as coisas ficam estranhas. Imitar animais, bater em almofadas, quebrar objetos... São exemplos do que se propõe para “liberar emoções reprimidas.

Claro, às vezes socar uma almofada pode proporcionar alívio por um tempo, mas isso realmente resolve problemas de agressão? Ou isso os torna piores?

A realidade é que esses exercícios de “catarse” não só não reduzem a raiva, mas também reforçam comportamentos agressivos a longo prazo e evitam que o paciente assuma a responsabilidade por suas emoções.

Somado a isso está o fato de que muitos Gestalt-terapeutas nem sequer são psicólogos treinados. Qualquer pessoa pode se inscrever no treinamento e se autodenominar “Gestalt-terapeuta”. O resultado: uma miscelânea de teorias aplicadas sem nenhum critério profissional.

6. Abuso emocional e maus-tratos disfarçados de terapia

O mais preocupante é quando as coisas ficam muito ruins.  Alguns Gestalt-terapeutas, em nome do famoso “confronto terapêutico”, insultam ou ridicularizam os pacientes. E fazem isso com tanta convicção que a pessoa acaba agradecendo o abuso como se fosse parte do seu processo de cura.

Uma espécie de abuso emocional consensual disfarçado de terapia. O mais triste é que isto gera dinâmicas de abuso de poder muito semelhantes às de um culto ou seita. Já não estamos falando de bem-estar emocional, mas de controle e manipulação.

7. Terapia sem objetivo: improvisação constante

A Gestalt-terapia não se caracteriza por ter objetivos terapêuticos claros. Cada sessão é uma espécie de improvisação. Você tem algo em mente? Vamos explorar isso. Não? Bem, veremos o que sai.

O problema desta abordagem é que sem um plano, sem objetivos específicos, o processo torna-se errático. E assim, o paciente se vê andando em círculos, sem nenhum progresso real e sem saber para onde está indo.

8. Os “terapeutas” decepcionados

Se tudo isso já não parece suficientemente preocupante, alguns ex-praticantes da Gestalt se manifestaram, e o que eles dizem não é nada encorajador.  Terapeutas formados nesta abordagem acabaram abandonando a prática porque, surpresa, não encontraram resultados significativos.

Eles perceberam que estavam aplicando técnicas sem base científica e que os pacientes ainda estavam presos

Como se não bastasse, a Gestalt-terapia critica abertamente outras correntes, como a cognitivo-comportamental, dizendo que são superficiais. No entanto, quando olhamos de perto, verificamos que a Gestalt também não é tão “humanística” como afirma.

9. Combinação com outras pseudoterapias

Para completar, a Gestalt-terapia é facilmente misturada com outras pseudociências, como constelações familiares ou bioenergética. É como um bufê de ideias sem nenhum controle ou critério.

Dependendo do terapeuta, você pode descobrir que uma sessão acaba envolvendo práticas que não possuem suporte psicológico válido. É assim que essa abordagem é flexível.

10. Isolamento do paciente

Por fim, há algo ainda mais alarmante: os pacientes podem acabar alienados dos seus entes queridos. Ao ensiná-los a culpar os outros pelos seus problemas, muitos acabam se distanciando de seus familiares ou amigos

Esta desconexão promove atitudes egocêntricas e narcisistas que pioram as suas relações pessoais. Em vez de se curar, o paciente fica mais isolado, gerando uma dependência emocional ainda maior do seu terapeuta.

Para concluir…

A Gestalt-terapia, apesar de sua aparência “humanística” e simpática, apresenta sérios riscos tanto emocionais quanto financeiros para os pacientes. Falta de evidências científicas, técnicas duvidosas, abuso emocional, dependência crônica... são apenas alguns dos motivos pelos quais é criticado tão duramente. Se uma coisa está clara é que quando a ciência e a ética ficam em segundo plano, os pacientes são os primeiros a perder.

 

Fonte - infocatolica


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