quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Cardeal Sarah: abolir a Missa Tradicional seria “um insulto à história da Igreja e da Sagrada Tradição”

Na apresentação do seu último livro em Milão, o Cardeal Robert Sarah sublinhou a importância de preservar a Tradição da Igreja e o rito da Missa antes da reforma litúrgica, alertando para os riscos de desenraizar o Cristianismo da sua história e da sua fundação litúrgica. Ele também apelou à recuperação da centralidade de Cristo, do sentido do sagrado e do culto, como respostas às crises espirituais e morais do mundo contemporâneo.

Cardeal Sarah: abolir a Missa Tradicional seria “um insulto à história da Igreja e da Sagrada Tradição”
Apresentação em Milão do livro «Dio esiste? Il grido dell'uomo che chiede salvezza»

  

Segunda-feira, 20 de janeiro, o Teatro Guanella de Milão foi palco da apresentação do último livro do Cardeal Robert Sarah, Dio esiste? Il grido dell'uomo che chiede salvezza, publicado pela editora Cantagalli. O evento, organizado por La Nuova Bussola Quotidiana e La Bussola Mensile, teve como eixo as reflexões do cardeal sobre a existência e a presença de Deus, e como estas se relacionam com os desafios atuais da Igreja e da sociedade. Sarah ofereceu uma análise profunda de temas essenciais da fé cristã, incluindo liturgia, adoração eucarística e defesa da Tradição.

Defesa da Missa Tradicional 

Um dos momentos mais notáveis ​​da sua intervenção foi a firme defesa da Missa Tradicional, que descreveu como um pilar da tradição litúrgica da Igreja. Sarah descreveu como “um insulto à história da Igreja e à Sagrada Tradição” qualquer tentativa de suprimir este rito, cuja riqueza espiritual tem sustentado a fé de gerações de crentes durante 1.600 anos.

“Este projeto, se for real, parece uma tentativa de ruptura com a Igreja de Cristo, dos Apóstolos e dos Santos”, alertou, salientando que a Missa Tridentina foi celebrada por grandes santos como São Padre Pio, São Francisco de Sales, São José Maria Escrivá e o Santo Cura d'Ars. O cardeal sublinhou que esta liturgia não é apenas um legado histórico, mas também um meio vital para a santificação do povo de Deus.

Citando Bento XVI, recordou que na história da liturgia “não há rupturas, mas crescimento e progresso”, e sublinhou que o que foi considerado sagrado pelas gerações anteriores deve continuar a sê-lo para a Igreja atual. Sublinhou também que a autoridade do Papa está ao serviço da Sagrada Tradição e afirmou que “ele não é um monarca absoluto”, mas sim um guardião da fé transmitida pela Igreja ao longo dos séculos.

A centralidade de Cristo e a necessidade de adoração

No seu discurso, o Cardeal Sarah abordou com urgência a necessidade de recuperar o sentido de adoração e admiração diante do mistério de Deus. Ele observou que a perda do valor religioso do ato de ajoelhar-se e adorar a Deus levou a crises profundas na Igreja e no mundo. “O mundo está morrendo porque falta adoradores”, afirmou, enfatizando que o culto é o primeiro e privilegiado espaço de encontro com Deus. Recordou também o exemplo do Santo Cura d'Ars, que disse: “Eu olho para Ele e Ele olha para mim”, como síntese de contemplação e diálogo interior com o Criador.

Neste sentido, sublinhou que a Santa Missa não deve tornar-se um acontecimento social ou cultural, mas deve preservar o seu carácter sagrado como memória viva da morte e ressurreição de Cristo. Sarah insistiu que a Eucaristia é “o sacramento mais vital, a vida das nossas vidas e o dom mais precioso que herdamos”. Defendeu a necessidade de celebrações litúrgicas dignas, belas e fiéis à tradição, como meio de fortalecer a fé e a confiança em Deus.

A crise do relativismo e a centralidade da fé

Outro dos temas centrais abordados pelo cardeal foi a crise do mundo moderno, que descreveu como consequência de uma “ditadura do relativismo”. Sarah advertiu que este fenómeno está a desenraizar a sociedade dos valores fundamentais, promovendo um individualismo que deixa o ser humano à mercê dos seus desejos e longe da verdade objetiva de Cristo.

Citando o então cardeal Joseph Ratzinger, que alertou em 2005 sobre os riscos do relativismo, Sarah enfatizou que “uma fé madura não é aquela que segue a moda, mas aquela que está profundamente enraizada na amizade com Cristo”. Segundo o cardeal, a falta de uma fé firme e a renúncia ao sentido do sagrado são as principais causas da inquietação e do vazio existencial que afetam o mundo hoje.

A Igreja como defensora da vida e da dignidade humana

Sarah também abordou questões éticas fundamentais, denunciando o avanço do que descreveu como um “novo paganismo” que dessacralizou a vida humana e as relações entre as pessoas. Ela criticou as ideologias globalistas e de género promovidas por instituições como as Nações Unidas, chamando-as de tentativas de impor agendas desumanizantes e utilitárias.

O cardeal sublinhou que a Igreja, fiel à sua missão, deve defender a vida e a dignidade de cada ser humano, especialmente dos mais vulneráveis, como os nascituros, os idosos, os deficientes e aqueles que se sentem abandonados. Neste sentido, apelou aos católicos para que resistam às pressões culturais e políticas que procuram redefinir a natureza humana e reconhecer a identidade masculina e feminina como um dom de Deus. 


Fonte - infocatolica


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