segunda-feira, 10 de março de 2025

A importância máxima das Últimas Coisas

 


Por

Caros leitores, tendo escrito sobre o amor infinito que Deus tem por nós, agora é apropriado dedicar um artigo a outro assunto que também é de suma importância, isto é, às verdades da nossa fé reveladas por Deus em relação ao que pode acontecer com as almas das pessoas após a morte. Note que estou me referindo às almas das pessoas; de todos eles, sejam eles católicos ou não e, portanto, acreditem ou não no ensinamento da Igreja Católica sobre as Últimas Coisas. Vale lembrar também que um católico, seja ele quem for, deve professar a fé católica intacta e inviolável e, portanto, deve crer no que a Igreja sempre ensinou sobre esta matéria, sem mutilações ou deformações. Devemos acreditar nas verdades da fé que são agradáveis ​​e também naquelas que não são tão agradáveis, para o bem de nossas almas.

E por que é necessário escrever sobre esse assunto? Bem, porque, até onde sei, em nossa época e há anos, em geral, esse assunto raramente é discutido na vida da Igreja Católica (na InfoCatólica, porém, há vários blogueiros que têm tratado desse tema com a seriedade e a profundidade que ele merece, o que é muito apreciado). As verdades de fé relativas ao julgamento particular ao qual seremos submetidos após nossa morte, Céu, Inferno e Purgatório, não foram revogadas – não podem ser – pela Igreja. No entanto, é chocante que essas questões não estejam sendo pregadas ou escritas, dada sua extrema gravidade. Na minha opinião, guardar silêncio sobre as Últimas Coisas não implica uma atitude misericordiosa, muito pelo contrário. Se algum de nós estivesse em sério perigo, onde, por exemplo, nossas vidas estivessem em jogo, gostaríamos de ser avisados ​​para tentar chegar em segurança. Bem, no que diz respeito às Últimas Coisas, não é apenas que nós, pessoas, estamos jogando por esta vida expirada; É que estamos jogando nosso destino eterno, isto é, sem fim e para sempre.

Bom, sendo assim, antes de tudo, vale lembrar que, como todos sabem, os seres humanos vão morrer. Não é que somente os católicos vão morrer, é que todos nós vamos morrer. E imediatamente após a morte, todos nós, católicos ou não, compareceremos perante o Tribunal de Deus para sermos julgados sob a perspectiva dos ensinamentos e mandamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, com menção especial aos Dez Mandamentos da Lei de Deus, interpretados à luz do Magistério da Igreja Católica. Que fique bem claro: seremos julgados à luz dos ensinamentos de Cristo e não de qualquer outra pessoa. Nenhum outro, embora tenha havido aqueles que, no passado, fundaram outras religiões, antes ou depois de Cristo. Nenhuma dessas pessoas nos julgará e elas, por sua vez, no momento de sua morte, terão prestado contas de suas vidas diante do Deus Uno e Trino pregado por Jesus Cristo, como todos os outros. Pois o Filho de Deus é um só, o mesmo ontem, hoje e sempre, de modo que “nenhum outro nome debaixo do céu nos foi dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12) e não há ninguém mais que, como Jesus Cristo, possa dizer: “Foi-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28,18).

E como chegar a esse julgamento específico após a morte? Muito simples: Na Graça de Deus. Graça que obtemos através do Sacramento do Batismo e que podemos perder mais tarde, se cometermos um pecado mortal; Neste triste e dramático caso, teremos que tentar recuperar o mais rápido possível a Graça santificante, através do Sacramento da Penitência. Assim, uma vez que tenhamos comparecido perante o Tribunal de Deus, o Senhor nos julgará imediatamente, sem qualquer apelação possível. Seu julgamento será perfeito, inteiramente justo, e então Ele “retribuirá a cada um segundo suas obras” (Mt 16,27-28). Vale a pena lembrar o que pode acontecer depois. Existem apenas dois destinos eternos possíveis após a morte: Céu e Inferno. E há também um destino temporário, o Purgatório, que ajuda as almas que, morrendo na Graça de Deus, ainda não estão em um estado de perfeição suficiente para poderem entrar imediatamente e desfrutar da visão de Deus, face a face, no Céu, a alcançar o Paraíso.

Sobre o Céu, uma das melhores definições que conheci e, claro, a que mais me impressionou, é a dada por São Paulo em sua Primeira Carta aos Coríntios: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, nem jamais penetrou em mente alguma o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9). A melhor definição do Céu é… que ele é indefinível, paradoxalmente. Contudo, sabemos que no Céu a união de cada alma com Deus será perfeita. Todo Santo, no Céu, contemplará Deus face a face e sua alma alcançará o ápice de toda a felicidade e amor a Deus que ela pode conter. Da mesma forma, no Céu, a Vontade de Deus se cumpre de maneira perfeita e esta é, precisamente, a fonte da maior felicidade dos Santos no Paraíso; Pois ali, os Santos, amando a Deus plenamente, desejam que Deus goze e receba a máxima glória e, ao mesmo tempo, veem esse desejo plenamente realizado, o que os torna imensamente felizes. É o que ensina Santo Afonso Maria de Ligório em um livro maravilhoso chamado “A Prática do Amor a Jesus Cristo”, que recomendo a todos a leitura. Seria maravilhoso se as pessoas ouvissem com frequência sobre o Céu. Tanto para católicos quanto para não católicos. No entanto, como eu disse antes, até onde eu sei, isso dificilmente é feito. Tristemente.

Por sua vez, o Purgatório, como indiquei acima, ajuda as almas que morrem na Graça, mas sem poder ir imediatamente para o Céu, a alcançá-lo. Para que as almas sejam purificadas, é necessário que elas sofram; Porque o sofrimento nos purifica dos nossos pecados aumentando o mérito da alma. E o sofrimento suportado no Purgatório, caros leitores, não é brincadeira. Dependendo da gravidade das imperfeições que os pecados — mortais e perdoados por Deus durante a vida ou veniais — deixaram na alma, o sofrimento da pessoa no Purgatório será maior ou menor e sua duração será. É por isso que me parece dramático que, em nossa época, em muitos funerais se suponha que o falecido foi salvo e está no Céu. Chegar ao Céu não é fácil, como Nosso Senhor explica no Evangelho, falando, por exemplo, do caminho estreito, da porta estreita, e salientando que o Reino dos Céus é obtido pela força e que são os valentes que o conquistam. Entendo que em funerais queremos confortar a família e aliviar sua preocupação com o destino eterno do parente falecido. No entanto, francamente: não faz nenhum favor aos mortos supor que eles entraram imediatamente no Céu após a morte. O que se deve fazer é rezar por eles, colocando suas almas nas mãos de Deus e de Sua Mãe Santíssima e implorando a infinita Misericórdia do Senhor para o defunto. Pelo menos é isso que desejo que seja feito por mim quando minha morte ocorrer, no momento que Deus determinou (é altamente recomendável, acima de tudo, que seja oferecida a Santa Missa pelo falecido, e, além disso, várias vezes). E estou muito ciente de que o Purgatório é outro exemplo da bondade e do amor de Deus, porque é graças ao Purgatório que muitas almas poderão entrar no Céu um dia.

Por fim, o outro destino eterno já mencionado é o Inferno. Jesus Cristo pregou muitas vezes sobre isso, com imagens impactantes: o fogo que não se apaga, o choro e o ranger de dentes, o verme que não morre, as trevas exteriores... Imagens terríveis que vários Santos corroboraram, através das visões do Inferno que tiveram durante a vida (testemunhando assim não só que o Inferno existe, mas também que não está vazio): Santa Teresa de Jesus, São João Bosco e os Santos Pastorinhos de Fátima, para citar três exemplos. Deixe-me ser muito franco novamente: não pregar sobre o Inferno, não alertar as pessoas sobre uma possibilidade tão assustadora, ouso dizer, é um erro pastoral da mais alta ordem por parte dos Ministros da Igreja que procedem dessa maneira e que, em nosso tempo, infelizmente são muitos; e, pior ainda, implica mutilar seriamente o Evangelho. Pois bem, assim como rezamos no Credo, Jesus Cristo desceu do Céu, fez-se homem e sofreu sua terrível Paixão e Morte justamente para nos salvar, isto é, para nos libertar a todos do Inferno e nos levar para o Céu. Não é de surpreender, então, que o Senhor, movido por seu imenso amor por nós, pregasse frequentemente sobre o Inferno. Mas o Senhor não vai nos forçar a nos salvar, caros leitores; Como expressou magistralmente Santo Agostinho: “Deus, que vos criou sem vós, não vos salvará sem vós. Devemos, portanto, colaborar com a Graça de Deus para alcançar nossa salvação.

Por fim, atrevo-me a dirigir um pedido filial aos Ministros da Igreja: Caros Pastores da Igreja, suplico-vos que tenhais misericórdia das almas e pregueis frequentemente sobre as Últimas Coisas…! Esta é uma das maiores demonstrações de misericórdia com as quais você pode lidar. A salvação das almas é o grande desejo que consome o Sacratíssimo Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo e essa salvação é levada às almas através dos Sacramentos, sim, mas também dizendo a verdade às pessoas, seja ela fácil ou difícil de ouvir. Esta é a grande missão da Santa Igreja Católica: a salvação e a santificação das almas, para que possam ser unidas a Deus no Céu.

Que Deus nos ajude a todos a dar testemunho da Verdade diante do mundo. De toda a Verdade que nos foi revelada em Jesus Cristo. Se Deus quiser.

 

Fonte - infocatolica

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...