"Este ano, quando nossas duas tradições espirituais se unem para celebrar o Ramadã e a Quaresma, temos uma oportunidade única de mostrar ao mundo que a fé transforma as pessoas e a sociedade, e que é uma força motriz para a unidade e a reconciliação", recorda a mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso para o mês do Ramadã.
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Um momento de oração nestes dias de Ramadã em Jerusalém (AFP or licensors) |
Por Mariangela Jaguraba
"Cristãos e muçulmanos: o que esperamos nos tornar juntos" é o título da mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso enviada aos irmãos e irmãs muçulmanos por ocasião do mês do Ramadã e Id al-Fitr, divulgada nesta sexta-feira (07/03).
O texto, assinado pelo prefeito do organismo vaticano, cardeal George Jacob Koovakad, e pelo secretário mons. Indunil Kodithuwakku Janakaratne Kankanamalage, recorda que "este ano, o Ramadã coincide em grande parte com a Quaresma, que para os cristãos é um período de jejum, oração e conversão a Cristo".
"Para nós, católicos, é uma alegria compartilhar este momento com vocês, porque nos lembra que somos todos peregrinos nesta terra e que todos estamos tentando 'viver uma vida melhor'", ressalta a mensagem.
Os signatários do texto refletem com os muçulmanos, este ano, "não apenas sobre o que podemos fazer juntos para 'viver uma vida melhor', mas acima de tudo sobre o que queremos nos tornar juntos, como cristãos e muçulmanos, num mundo em busca de esperança".
A esperança não é simples otimismo
"Mais do que um mês de jejum, nós católicos consideramos o Ramadã uma escola de transformação interior. Ao se abster de comida e bebida, os muçulmanos aprendem a controlar seus desejos e se concentrar no que é essencial. Este tempo de disciplina espiritual é um convite a cultivar a piedade, aquela virtude que aproxima de Deus e abre o coração aos outros", ressalta o texto.
De acordo com a mensagem, "na tradição cristã, o tempo sagrado da Quaresma nos convida a seguir um caminho semelhante: por meio do jejum, da oração e da esmola, buscamos purificar o nosso coração e nos concentrar naquele que guia e dirige a nossa vida. Essas práticas espirituais, embora expressas de forma diferente, nos lembram que a fé não é apenas uma questão de gestos externos, mas um percurso de conversão interior".
"Num mundo marcado pela injustiça, conflito e incerteza sobre o futuro", recorda o texto, "nossa vocação comum vai muito além de práticas espirituais semelhantes. Nosso mundo tem sede de fraternidade e diálogo autêntico".
"Para vocês, queridos amigos muçulmanos, a esperança se nutre da confiança na misericórdia divina que perdoa e guia. Para nós, cristãos, ela se baseia na certeza de que o amor de Deus é mais forte que todas as provações e obstáculos", destaca a mensagem.
Ser irmãos e irmãs em humanidade
Segundo o texto, o "que queremos nos tornar juntos é, portanto, ser irmãos e irmãs em humanidade, que se estimam profundamente e reciprocamente. Nossa fé em Deus é um tesouro que nos une, muito além de nossas diferenças. Ela nos lembra que somos criaturas, espirituais, encarnadas e amadas, chamadas a viver com dignidade e respeito recíproco. Desejamos nos tornar guardiões desta sagrada dignidade, rejeitando toda forma de violência, discriminação e exclusão".
Construir, através do diálogo, um futuro comum
Num mundo onde reaparece «a tentação de fazer uma cultura dos muros, de erguer muros, muros no coração, muros na terra, para impedir este encontro com outras culturas, com outras pessoas», lembra a mensagem, citando um trecho da Encíclica Fratelli tutti do Papa Francisco, "o nosso desafio é então construir, através do diálogo, um futuro comum, fundado na fraternidade. Não queremos apenas coexistir; queremos viver juntos na estima sincera e mútua".
"Que nossas orações, nossos gestos de solidariedade e nossos esforços pela paz sejam sinais tangíveis de nossa sincera amizade com vocês", ressalta a mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso aos muçulmanos. "Que esta festa seja uma ocasião de encontros fraternos entre muçulmanos e cristãos, nos quais possamos celebrar juntos a bondade de Deus. Esses momentos simples, mas profundos de compartilhamento, são sementes de esperança que podem transformar nossas comunidades e nosso mundo. Que nossa amizade seja uma brisa refrescante para um mundo sedento de paz e fraternidade", conclui o texto.
Fonte - vaticannews
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Não vos prendais ao mesmo jugo com os infiéis. Que união pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunidade entre a luz e as trevas? Que compatibilidade pode haver entre Cristo e Belial? Ou que acordo entre o fiel e o infiel? Como conciliar o Templo de Deus e os ídolos? Porque somos o Templo de Deus vivo, como o próprio Deus disse: Eu habitarei e andarei entre eles, e serei o seu Deus e eles serão o meu povo (Lv 26,11s). Portanto, saí do meio deles e separai-vos, diz o Senhor. Não toqueis no que é impuro, e vos receberei. Serei para vós um Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso (Is 52,11; Jr 31,9). (2 Cor 6, 14-18)
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